terça-feira, 19 de outubro de 2010

EDUCAÇÃO SÓCIO AMBIENTAL: ONDE E COMO ENSINAR! É PAPEL SÓ DA ESCOLA?




            O tema educação sócio ambiental, atualmente, vem adquirindo força como questão de cidadania local e planetária. Além de fazer parte das preocupações quotidianas de cidadãos comuns, cada vez mais, a questão sócio ambiental tem sido pauta de governos, empresas, movimentos sociais, ONGs, enfim, de uma infinidade de atores sociais que interferem no ambiente.  O Artigo 11 da Lei nº 9.795 que trata da política Nacional de Meio Ambiente, estabelece:

A dimensão ambiental deve constar em todos os níveis de formação de professores em todos os níveis e em todas as disciplinas. Parágrafo Único. Os professores em atividades devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

O meio ambiente exige uma abordagem multi, inter ou até transdisciplinar, o que não é exatamente o tradicional, e a abordagem aqui proposta representa, na verdade, a procura de uma prática da educação ambiental em sala de aula.
            Existem alguns princípios importantes para uma efetiva consciência sobre  a questão ecológica, o aprender sobre temas que a evidenciam. Os princípios ecológicos extraídos dos ecossistemas e aplicados nas comunidades de aprendizagem sob a forma de princípios educacionais são: interdependência, sustentabilidade, ciclos ecológicos, associação, flexibilidade, diversidade e coevolução. (CAPRA, 1993).
            A principal função do trabalho com o tema meio ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e atuarem na realidade sócio ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem–estar de cada um e da sociedade, local e global.
             Em linhas gerais, pode-se dizer que a educação sócio ambiental é todo processo cultural que objetive a formação de indivíduos capacitados a coexistir em equilíbrio com o meio. Processos não formais, informais e formais já estão conscientizando muitas pessoas e intervindo positivamente, se não solucionando, despertando para o problema da degradação crescente do meio ambiente, buscando novos elementos para uma alfabetização (BRANCO, 1998).
            A educação sócio ambiental é um processo permanente e inesgotável. O homem interfere na natureza com sua consciência, conhecimentos, atitudes, habilidades e formas de participar na sociedade; nasce, cresce e morre sem saber tudo sobre o ambiente em que vive.
            Para melhor conhecer o ambiente em que vive, ele precisa ser ecologicamente alfabetizado. Quanto à alfabetização ecológica, (CAPRA, 1999, p.231) diz:
Ser ecologicamente alfabetizado, "eco – alfabetizado", significa entender os princípios de organização das comunidades ecológicas (ecossistemas) e usar esses princípios para criar comunidades humanas sustentáveis. Precisamos revitalizar nossas comunidades, inclusive nossas comunidades educativas, comerciais e políticas, de modo que os princípios da Ecologia se manifestem nelas como princípios de educação, de administração e de política.

A escola precisa trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimento, mas nossos professores não estão aptos para trabalhar essa área com segurança e o próprio sistema não oferece apoio que precisam. Esse é um grande desafio para a educação e comportamentos ambientalmente corretos, serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola: gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes.
A educação sócio ambiental vai além da questão conservacionista; é uma opção de vida. Para CAPRA (1982, p.28), faz-se necessário conhecer as razões históricas da degradação da natureza.

O novo mundo ocidental é marcado por uma visão de mundo calcada na crença do método científico como única forma válida de conhecimento; na divisão matéria e espírito; no universo como um sistema mecânico; na vida em sociedade como uma luta competitiva pela existência e na crença no progresso material ilimitado, a ser alcançado através do crescimento econômico e tecnológico.



 ATÉ ONDE VAI A RESPONSABILIDADE DOS PROFESSORES?

Os professores que se envolvem em processos de capacitação para implementação de mudanças educativas devem ser incentivados a superar as inseguranças, a reconhecer suas potencialidades para essas transformações, e perceber as possibilidades de ação que venham a fortalecer sua auto-estima, sua auto-confiança e desenvolvimento profissional.
Os processos de ensino e da aprendizagem implicam sempre mediações sociais, cognitivas e afetivas, que terão de ser trabalhadas na formação em educação sócio ambiental, visando ao mesmo tempo a uma melhoria na qualidade de ensino acrescentando-lhe mais conteúdo, objetivos e metodologia e modelos de gestão de classe.
Hoje em dia há uma preocupação maior com os conteúdos conceituais do que com os procedimentais e atitudinais. O objetivo do ensino fica restrito, assim, à aprendizagem de fenômenos e conceitos, desconsiderando a aprendizagem de procedimentos e atitudes fundamentais para a compreensão dos métodos e explicações com os quais a educação sócio ambiental trabalha.
As propostas pedagógicas separam a Geografia Humana da Geografia da Natureza em relação àquilo que deve ser aprendido como conteúdo específico. A memorização tem sido o exercício fundamental praticado no ensino de Geografia, mesmo nas abordagens mais avançadas. Apesar da proposta de problematização, de estudo do meio e da forte ênfase que se dá ao papel dos sujeitos sociais na construção do território e do espaço, o que se avalia ao final de cada estudo é se o estudante memorizou ou não os fenômenos e conceitos trabalhados e não aquilo que pôde identificar e compreender das múltiplas relações aí existentes.
O professor como sujeito que aprende em educação sócio ambiental, no exercício posterior terá de envolver-se na melhoria qualitativa da Instituição escolar, por meio de processos de aperfeiçoamento contínuo, trabalhos coletivos e propósitos compartilhados com os outros docentes alunos e comunidade. Por isso deve ser informado em relação às metodologias de resolução de conflitos e motivados para exercer a liderança.
As questões sócio ambientais vêm sendo consideradas cada vez mais urgentes e importantes para a sociedade, pois a humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis, no presente e no futuro.
Não há como pensar educação ambiental desvinculada de valores tais como: cooperação, solidariedade, respeito mútuo, responsabilidade individual e coletiva, participação, comprometimento, e coletividade.
            Se no envolvimento de ações de educação sócio ambiental, executando projetos e/ ou trabalhando através da educação formal e da educação não formal junto às comunidades, preocuparmo-nos em planejar todas as fases do nosso trabalho: sensibilização, mobilização, informação e ação, com certeza estaremos atuando efetivamente em acordo com os princípios da educação ambiental e termos sucesso.
            Para tanto é indispensável definir o que queremos, unificar linguagem e procedimentos, assumir responsabilidades em conjunto, superar os conflitos interpessoais e tomar decisões coletivamente, em um trabalho sério e organizado por uma causa que vale a pena: a educação sócio ambiental.

Este desafio exige estabelecer processos de reflexão/ação/reflexão, nas diversas formas de interação entre sociedade e meio ambiente, bem como nas relações entre homem, sociedade, natureza, revisando seus próprios conceitos e procedimentos, a partir da sensibilização de si mesmo e da comunidade escolar sobre as causas reais dos problemas que a sociedade humana, de uma forma geral, enfrenta (degradação ambiental, fome, miséria, problemas sociais, exclusão e assim por diante), com vistas à melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade.



Maria Aparecida Siqueira
Professora da rede Municipal de Ensino de Jaboti - Paraná; Assessora Pedagógica da Secretária Municipal de Educação; Participante do Projeto a União Faz a Vida; Responsável pelo Projeto Sacola Ecológica.

5 comentários:

  1. me ajudou muito no trabalho de escola...

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  2. A sustentabilidade humana

    Ivone Boechat

    O homem busca, em desespero, mas antes tarde do que nunca, a preservação do que sobrou neste Planeta. Não é impossível, até porque atitudes simples têm o poder de mudar o rumo de coisas importantes. Mas eis o impasse: por que não se começa a educar para o equilíbrio da ecologia humana? Quanto custa o esforço por um abraço, um sorriso, pela manifestação de afeto, pela demonstração do perdão?
    A Escola gasta quase todo o tempo destinado a ela resolvendo equações de primeiro e segundo graus e a criança vive refém de deveres de casa. Professores desesperados ensinam anos e anos a encontrar o valor de X e o jovem sai, na maioria das vezes, sem encontrar o valor dele mesmo. Dirão muitos que a concorrência exige tudo isso na preparação para a corrida desenfreada ao mercado de trabalho: passar nos concursos, nos vestibulares e arranjar emprego, porque geralmente só passa quem sabe mais equação e rebincoca da parafuseta.
    A educação tem os recursos pedagógicos para orientar a humanidade, ajudando a transformar conceitos. É possível mudar comportamentos. Quem falhou? Ao invés de ensinar só teorias, conteúdos, doutrinas, por que não se ensinam valores? Fé, amor, paz, união, misericórdia, fraternidade, solidariedade, preservação? Ensinar ao homem a ser bom é também um grande desafio à educação. Todas as guerras do Planeta têm origem nas doutrinas.
    Quando o homem reflorestar as ideias, podar os galhos secos da ira, regar suas raízes no manancial da fé, vai colher os frutos de um mundo oxigenado de amor. O homem equilibrado vai equilibrar o Planeta!

    (extraído do meu livro Educação-a força mágica)

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  3. Ecologia humana


    Ivone Boechat

    Reflorestar idéias,
    reciclar comportamentos,
    irrigar emoções,
    adubar o terreno
    dos perdões...
    Podar galhos
    ressecados
    de qualquer temor
    dos vencidos...
    aplainar
    o olhar social,
    buscando
    os excluídos, onde for,
    iluminar ,
    oxigenar
    e plantar,
    plantar sementes
    de amor.

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  4. Ecologia humana


    Ivone Boechat

    Reflorestar idéias,
    reciclar comportamentos,
    irrigar emoções,
    adubar o terreno
    dos perdões...
    Podar galhos
    ressecados
    de qualquer temor
    dos vencidos...
    aplainar
    o olhar social,
    buscando
    os excluídos, onde for,
    iluminar ,
    oxigenar
    e plantar,
    plantar sementes
    de amor.

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  5. A sustentabilidade humana

    Ivone Boechat

    O homem busca, em desespero, mas antes tarde do que nunca, a preservação do que sobrou neste Planeta. Não é impossível, até porque atitudes simples têm o poder de mudar o rumo de coisas importantes. Mas eis o impasse: por que não se começa a educar para o equilíbrio da ecologia humana? Quanto custa o esforço por um abraço, um sorriso, pela manifestação de afeto, pela demonstração do perdão?
    A Escola gasta quase todo o tempo destinado a ela resolvendo equações de primeiro e segundo graus e a criança vive refém de deveres de casa. Professores desesperados ensinam anos e anos a encontrar o valor de X e o jovem sai, na maioria das vezes, sem encontrar o valor dele mesmo. Dirão muitos que a concorrência exige tudo isso na preparação para a corrida desenfreada ao mercado de trabalho: passar nos concursos, nos vestibulares e arranjar emprego, porque geralmente só passa quem sabe mais equação e rebincoca da parafuseta.
    A educação tem os recursos pedagógicos para orientar a humanidade, ajudando a transformar conceitos. É possível mudar comportamentos. Quem falhou? Ao invés de ensinar só teorias, conteúdos, doutrinas, por que não se ensinam valores? Fé, amor, paz, união, misericórdia, fraternidade, solidariedade, preservação? Ensinar ao homem a ser bom é também um grande desafio à educação. Todas as guerras do Planeta têm origem nas doutrinas.
    Quando o homem reflorestar as ideias, podar os galhos secos da ira, regar suas raízes no manancial da fé, vai colher os frutos de um mundo oxigenado de amor. O homem equilibrado vai equilibrar o Planeta!

    (extraído do meu livro Educação-a força mágica)

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